Beco, o Jovem Ayrton
Nasceu à 1h15m, na
madrugada de 21 de Março de 1960, na maternidade de São
Paulo. Segundo filho do casal Milton da Silva e Neide Senna da Silva.
O nome AYRTON saiu de uma lista de mais de 20 sugestões e foi escolhido em pressão, no último dia que restava para ir ao cartório. Depois veio a alcunha oficial de Senna. "Beco". Tudo porque a prima Lilian, não conseguia pronunciar o nome do novo primo. "Becão" foi o apelido assumido por ele. Mas outros menos conhecidos existiam, como ”Macaco”, que o pai Milton lhe costumava chamar, porque Ayrton comia muitas bananas. BECO, teve a oportunidade de crescer num bom ambiente familiar, de viver bem, sem qualquer problema económico e ser orientado no caminho certo, nos momentos decisivos da vida. A irmã, Viviane, nascera dois anos antes e viria a dar-lhe três sobrinhos, Bianca, Bruno e Paula. Depois veio um outro irmão, para Ayrton, Leonardo.
Como todas as crianças, gostava de jogar à bola na rua e de caçar passarinhos. Realizou os primeiros estudos no Colégio do Bairro, passando, a seguir, para o Colégio Rio Branco, entre 1970 e 1978. Ficou com o certificado de Auxiliar de Escritório de Edificações, apto a prosseguir estudos a nível superior. Mas a sua vontade estava bem definida. Ele seria piloto para o resto da vida. A roupa nunca foi coisa que o preocupasse. Dona Neyde escolhia, comprava e ele vestia. Mas sobre as botas, ele opinava. Melhor. Ele testava. E era tido como um recordista a gastar botas. Nenhum calçado resistia por mais de 2 semanas ao tratamento que levavam, mesmo com reforço especial. Senna fazia-lhes uma espécie de test drive. Calçava-as, corria e derrapava, travando. Se as botas deslizassem, ele não queria. Tinham que segurá-lo, com boa tração. Ayrton sempre foi inquieto e muito desajeitado. Era meio desastrado. A mãe e a irmã Viviane, eram testemunhas do seu jeito especial para tropeçar, cair e bater com a cabeça. Não conseguia subir uma escada com mais de três degraus sem cair. Gelados, eram comprados aos pares, porque um sempre acabava no chão. Dona Neyde preocupada procurou um neurologista. No futuro, aquilo que detetaram a Senna chamar-se-ia de Hiperatividade. |
Mas com Senna não havia nada de errado. Apenas fazia demasiado depressa o que tinha a fazer. Era desajeitado por ser veloz. Aprendia tudo muito rápido e queria executar imediatamente. Não tinha noção do espaço que ocupava e jamais ficava quieto.
Beco era canhoto. No colégio, passava a vida a criar confusões no recreio, mas era atento nas aulas. A mãe Neyde deixava-o fazer os trabalhos de casa, apenas 10 ou 15 minutos antes de ir para a escola. Levantava-se cedo e, sem preguiça, resolvia tudo rapidamente, como tudo o que fez na vida. Só quando tinha testes, é que a mãe Neyde estava mais atenta e forçava o estudo. Não era de estudar muito em casa, nunca foi o primeiro da classe, mas estava longe de ser dos últimos. Um dia, durante o pequeno-almoço, Ayrton disse estar impressionado com o facto da irmã Viviane, ter estudado até tarde, na noite anterior, véspera de uma prova de francês. Quando soube que ela precisava só de meio ponto, acabou a solidariedade e passou à gargalhada. Afinal, ele precisava de quatro pontos em português e tinha resolvido tudo em meia hora. |