A Família e os Refúgios
Milton, pai de Ayrton, tinha construído riqueza pessoal no ramo da compra e venda de automóveis para, com sucesso, montar uma metalúrgica que fornecia a indústria brasileira. Depois veio a construção civil e a compra de múltiplas fazendas no Brasil.
Ele e a mulher, Dona Neyde, gostavam de automóveis e corridas. Até aos 4 anos viveu na casa do avô, João Senna, pai de Dona Neyde. Mas o sucesso dos negócios de Seu Milton levou a família a mudar-se para um dos bairros mais nobres da cidade. Onde eram estimados pelos vizinhos e até referência do bairro. A irmã Viviane foi sempre inspiração e influência. Senna inspirou por sua vez os sobrinhos todos, nomeadamente Bruno que anos mais tarde chegaria, também ele à Fórmula 1. Leonardo, foi o irmão mais novo de Senna. A importância da família para Senna foi desde sempre evidente. Era junto deles que se sentia protegido. Acompanhado desde sempre na carreira pelo pai. Regressando com saudades sempre aos braços da mãe. No Brasil, Angra dos Reis era o lugar onde ele ia e se perdia. Regressava à sua condição de menino. Junto da família. Onde se divertia no mar, onde relaxava, recebia amigos e se treinava. Veja aqui reportagem das últimas férias de verão em Angra. Senna tinha comprado a casa de Angra a António Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, ex- Presidente do Banco Bradesco. E sempre que vinha a Lisboa, ele estava na Quinta que Braguinha comprara em Sintra.
Foi ali que foi conduzido pelo taxista João Justino a quem deu uma gorjeta fenomenal. Braguinha dava instruções aos seus empregados e cozinheira para alimentarem bem Ayrton. Bife com Batatas fritas, passou a ser o prato favorito. Com o tempo, aquela passou a ser a casa de Senna. Nos números 22 e 24 da Calçada da Penalva, em São Pedro de Sintra. Um refúgio com 30 assoalhadas, entre quartos, salas, copas, cozinhas, adega, jardins, piscinas. Protegido pelas colinas de Sintra. Aquele lugar transformou-se no refúgio, na conchinha de Senna na Europa. A sua Angra dos Reis europeia. Por Sintra vivia. O Autódromo do Estoril ali ao pé, a praia do Guincho, para correr e treinar. Ali amou e foi amado. |
Fotos de Ayrton e Família
Foi ali que, em Setembro de 1990, nas vésperas do GP de Portugal, renovou com Ron Dennis, o seu contrato com a McLaren, celebrado com uma garrafa de Quinta da Aveleda, branco, no jardim da herdade.
Outra casa de Ayrton, em Portugal, estava mais ao sul. Rua Sado, 31, na Quinta do Lago. Essa a casa comprada mais tarde, para onde Ayrton tinha pedido para voar, em voo privado, logo após o GP de Imola que nunca concluiu. Ele iria ao encontro de Adriane Galisteu . Foi aí que Dona Neyde se deslocou semanas depois da morte de Ayrton. Para recolher muitos dos pertences de Senna. E foi nessa casa que teve a declaração que ficou lembrada como seu desejo traçado. Revelando o amor pelo filho, a dor e a saudade resultantes de um trágico domingo que cortou tantos sonhos na curva Tamburello. A empregada Juracy entregou à mãe de Senna, sacos com roupa que dona Neyde procurava e que não estivesse lavada. Para que ela cheirasse. Dona Neyde abraçou-se áquela roupa e confessou: “Quando eu morrer, assim que eu morrer, assim que eu terminar de morrer, quero correr tanto, mas tanto, que enquanto eu não encontrar o meu filho eu não paro...” |