A Descoberta De Deus
Senna
tinha um certo lado místico. Falou de diferentes experiências que o fizeram
passar para outra dimensão. Ayrton era católico. Ele dizia que falava com Deus, sempre que fazia a Eau
Rouge, em Spa-Francorchamps, Bélgica, para muitos a mais difícil curva da
Fórmula 1. A que separa os homens dos meninos.
Contou que no GP do Japão, na última volta da corrida quando se sagrou pela 1ª vez campeão, Jesus lhe apareceu nas duas últimas curvas. "Agradeci-lhe pela Vitória. Quando curvei, vi a sua imagem. Ele era tão grande, tão grande...Não estava no chão, estava suspenso com a roupa de sempre, a cor de sempre e uma luz em volta. O seu corpo inteiro subia para o alto, para o Céu. Ao mesmo tempo que guiava, eu tinha a visão dessa imagem incrível."
Passou mais de um ano até, antes do GP de Portugal, Senna revelar
em entrevista por fim: “Não sinto mais constrangimento em falar sobre Deus. E,
se tenho essa fortuna, meu dever é passar a mensagem de Deus a outras pessoas. Desde
os quatro anos de idade, estou exposto ao risco. Sofri muitos acidentes,
capotei e nunca quebrei uma costela ou perna. Isso é uma bênção de Deus.”
A reação às declarações de Ayrton foi negativa. Para muitos ele tinha enlouquecido. Para o seu arquirrival Alain Prost foi oportunidade para o colocar sobre pressão: “Ayrton acha que Deus o descobriu. Como acha que nunca se magoará, isso vai tornar-se perigoso em pista!” Ayrton ficou assustado e intimidado com a repercussão da entrevista. Seguiram-se meses de polémica guerra sem quartel. As decisões dos mundiais de 1989 e 1990 entre Ayrton e Prost, descredibilizaram a postura de Senna, pois era difícil compatibilizar os ensinamentos evangélicos com as atitudes de Ayrton em pista. |
Falando da Experiência
Mesmo quando confrontado com isso, para Deus, “há que perdoar os nossos inimigos”, Senna olhava de lado e não gostava da ideia.
Pode ser mito. Amigos próximos dizem que a imprensa empolou. Que ele não leu a bíblia mais que um par de vezes e ninguém da McLaren se lembra de o ver a ler bíblia alguma antes de qualquer corrida. E contam que Senna, proveniente de família católica, se converteu na prática ao culto evangélico, por influência da irmã Viviane. Do casamento que teve com Lilian de Vasconcellos, ela refere que Ayrton era "zero de religião". Tudo mudou nos dias seguintes à célebre batida de Senna à entrada do Túnel, no Mónaco em 1988. Após o acidente, disse que Deus começou a comunicar com ele, através da Bíblia. Foram dias difíceis. De frustração. Por influência de Viviane e ajuda de um amigo, Senna mergulhou na Bíblia, procurando fé e respeito por Deus. |